quinta-feira, 12 de julho de 2007

A realidade inverossímil

Toda mentira é uma verdade que deixou de acontecer? E quando a mentira não passa de uma verdade literária? O autor é um mentiroso?

Truman Capote foi um dos jornalistas que mais explorou a literatura, até mesmo revolucionando o próprio jornalismo por isso. Em A sangue frio o autor conta a história de uma família do oeste do Kansas brutalmente assassinada, em novembro de 1959. Nessa obra entrelaça os fatos a uma construção narrativa literária, onde nem sempre a tão esperada verdade jornalística dá as caras. Capote se põe de forma onipresente às ações de seus personagens. Desde a cena em que os corpos de Hebert willian Clutter, sua mulher Bonnie e seus filhos, a jovem Nancy e o solitário Kenyon, são encontrados.
Até a viagem ao México dos dois responsáveis pelos crimes, Dick Hickock e Perry Smith, e suas posteriores condenações à forca.

Publicado em quatro partes pela Revista New Yorker, A sangue frio levantou várias polêmicas no meio jornalístico. Capote foi acusado de não ser fiel aos fatos e de ter criado várias entrevista. Outra polêmica, agora com relação aos acusados, é de que o escritor mantinha relações amorosas com um dos criminosos, Perry Smith.

Embora todas as especulações, A sangue frio é sem dúvida uma obra-prima. Sua construção envolvente e descrições perspicazes, muitas vezes carregadas de ironia, não deixam incertezas sobre a primazia da obra.
O livro é uma perfeita construção literária. Onde a dose de inverossimilhança nos joga numa atmosfera imaginária e desprovida de realidade, embora A sangue frio seja baseado em fatos reais.