domingo, 3 de janeiro de 2010

Fluidez

Eu fugia. Meio vacilante pela rua escura, deserta. Fugia, numa fuga psíquico-intelectuo-metafísica. E me escondia por entre espaços vazios dos móveis velhos, nos cantos escuros da casa empoeirada. E por mais que fugisse e por mais que me escondesse, não era possível desaparecer. No canto escondido, atrás da cômoda do quarto, ficava por horas intermináveis, dias, talvez. E sequer me achavam, sequer me procuravam. Meio, assim, sem norte, eu ia por caminhos confusos, estradas líquidas. Dias desses, apareceu alguém, a fuga meio que cessou, mas logo que ela se foi a sensação de perda se tornou ainda maior. Enclausurado, agora permaneço no vazio escuro, em alguns momentos, frio. Não sei se sairei dali, por enquanto permaneço, como o tronco no meio do deserto: seco, mas que fica ali o tempo todo, não há fuga, tampouco esperança.