segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Um dia tudo acaba, mesmo que nos momentos menos prováveis


Ele sentou-se à mesa do bar, a primeira que viu. De longe acenou para o garçom e com uma voz de poucos amigos pediu uma dose cavalar de uísque. Olhou para os lados certificando-se de que a garota por quem se apaixonara não estava olhando. Mesmo que o caso deles tivesse acabado, se ela o visse bebendo faria naquele mesmo momento largar o copo.
Refletiu sobre a vida. Não que fosse um filósofo, mas naquelas horas, depois de duas doses, qualquer anti-sentimental ateu fica capaz de recitar belas frases. Não percebeu mais a movimentação do bar. Todos já tinham ido embora, só ele permanecera. E daí! Ele se bastava. Naquela solidão inconfortável, em quem fingia ser o máximo, chamou pelo garçom.
-Me traz mais uma dose!
Esperou por tempo ninguém mais veio. Nem mesmo o garçom, a figura mais acolhedora dos bêbados de plantão. Não reclamou, não adiantaria. Virou-se e saiu pela porta. Não sem antes deixar o dinheiro da conta sobre a mesa. A rua estava movimentada para as 3h da manhã. Como um bêbado descuidado largou-me pela rua sem qualquer atenção. Não deu dois minutos morreu atropelado naquela fria madrugada triste.

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