Acordou ouvindo barulhos da bola que batia no muro em frente hall de entrada de seu prédio. Na penumbra pegou o celular e viu às 3 horas da tarde de um domingo. Pensou que fosse mais cedo. Sentiu o hálito acre da bebida da noite anterior. O gosto do vômito também compunha a camada pastosa de saliva na boca. Pensou em ir até o banheiro, mas teve preguiça. Passou a mão pelo cabelo e sentiu a gordura do coro cabeludo. Tão jovem e quase careca. Viu o cigarro do lado e o acendeu. Quem sabe assim poderia acordar mais disposto, ou pelo menos mais excitado.
A fumaça subiu bem em frente ao seu rosto. Por alguns momentos notou o teto do quarto. Há tempos já vinha retardando a pintura das paredes, o mofo dava um ar de tristeza e morbidez. O quarto na penumbra intensificava ainda mais essas sensações. Olhou para o lado e só então percebeu o corpo ao seu lado, viu que estava nu e sequer lembrava-se da noite anterior. Era uma garota. Teria o quê? Vinte anos? Quis levantar, mas desistiu. Na boca agora, além do gosto de bebida e vômito, se misturara também o gosto do cigarro.
Voltou a passar a mao nos poucos fios de cabelo que tinha, e novamente pensou que precisava de um banho. Não deu muita bola. Debruçou seu corpo sobre a cama e voltou a dormir, mesmo com o barulho infernal que vinha das batidas da bola no muro em frente ao hall de entrada de seu prédio.
Um comentário:
Você ta adquirindo aquela marca...aquele comentario no final...isso era a cara dele...essa é a marca dele...espero um dia escreveres com tu...
beijos
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