domingo, 3 de janeiro de 2010
Fluidez
Eu fugia. Meio vacilante pela rua escura, deserta. Fugia, numa fuga psíquico-intelectuo-metafísica. E me escondia por entre espaços vazios dos móveis velhos, nos cantos escuros da casa empoeirada. E por mais que fugisse e por mais que me escondesse, não era possível desaparecer. No canto escondido, atrás da cômoda do quarto, ficava por horas intermináveis, dias, talvez. E sequer me achavam, sequer me procuravam. Meio, assim, sem norte, eu ia por caminhos confusos, estradas líquidas. Dias desses, apareceu alguém, a fuga meio que cessou, mas logo que ela se foi a sensação de perda se tornou ainda maior. Enclausurado, agora permaneço no vazio escuro, em alguns momentos, frio. Não sei se sairei dali, por enquanto permaneço, como o tronco no meio do deserto: seco, mas que fica ali o tempo todo, não há fuga, tampouco esperança.
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Um comentário:
A noite estava fria no deserto. Poucas estrelas no céu proporcionavam uma visiabilidade um tanto restrita. A Lua havia se escondido há dias e nenhum sinal de que voltaria tão cedo. O frio cortava a alma daquele modesto viageiro, pés descalço e vestido em badalhoca, caminhava por ali há horas sem espectativa alguma de achar o caminho que lhe levaria ao seu grande Amor. Mas naquela infortúnia noite ele se deparou com um tronco seco, largado no meio do deserto. Aquele tronco, para a sua surpresa não era um qualquer, era uma relíquia centenária e havia uma mensagem que dizia: "A mais longa caminhada começa com um passo. Por maior que seja, todo deserto sempre se acaba." O simples andarilho encontrou a esperança que lhe havia fugido, encontrou a fé em matéria, era o que lhe faltava para lhe dar força e coragem de não desistir sua caminhada. Aquele tronco seco esquecido no meio do deserto era um sinal de que para atingir seu objetivo, de atravessar o deserto e encontrar seu Amor, era preciso pagar o preço do esquecimento e da solidão.
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